Umas das descobertas mais importantes nos últimos anos da neurociência: A dopamina, apesar de estar relacionada ao sistema cerebral de recompensa, ela tem muito mais ligação com a motivação e desejo. Então, quando ela é liberada no cérebro ela nos conduz a um processo de buscar que desejamos, criar, buscar… Ou seja motivar-se!
Isso é basicamente uma forma de classificar como estamos conduzindo nossas vidas. (Está tudo indo mal, ou tudo indo bem?)
Imagine que essa motivação pode ocorrer em coisas pequenas como simples fato de acordar. ou até mesmo em coisa mais complexas como está no meio de uma formação acadêmica que levará mais dois anos e meio para acontecer. (as vezes ela falha no meio de um projeto longo) Mas em algum momento precisar medir como está se saindo em relação a esse longo projeto.
É nosso cérebro que mede tudo isso e te gera sensações de estar tudo bem ou mal, pela quantidade de dopamina que seu corpo tem liberado nos últimos dias, meses e anos anteriores. Loco isso né?
Mas, mais louco é que você pode colocar esse sistema para trabalhar a seu favor, desde que entenda como ele funciona e trabalhar para mudar alguns comportamentos tendo consciência disso tudo.
Imagine aqui comigo: Uma pessoa, sentada no sofá, ou deitada na cama, sem vontade de fazer nada, sem motivação nenhuma. Essas pessoas se assemelham a ratos de laboratório quando são privados completamente de dopamina. Isso mesmo. Chocante né!
A única diferença de uma pessoa assim e o rato, é que a pessoa pode escolher consumir alimentos calóricos, consumindo redes sociais, e ter um pouquinho de prazer. Mas muito pouco.
Pense também na seguinte situação, talvez você já tenha passado por um momento onde estava nas redes sociais e percebeu que não faz sentido olhar tudo aquilo. E no fundo, você sabe que aquilo não está te fazendo bem.
Se satisfazer com redes sociais, comida, álcool, drogas, é chamado de “efeito opióide” ou como já dizia na letra da musica da Band O Rappa ” Drogas de aluguel”.
Você até tem prazer no começo, mas com o passar dos tempos tudo isso não te trará mais prazeres. Isso se assemelha a um usuário de drogas.
Um usuário de drogas tem tanta liberação de dopamina em seu corpo, que mais nada lhe dá tanto prazer quanto utilizar a droga e a associação mental será que apenas a droga tem o poder de me dar esse prazer. Então, nesse momento a pessoa não consegue enxergar mais nada além das drogas como fonte de prazer.
E isso fará, com o tempo, que não tenha mais vontade de fazer mais nada, pois quase nada mais te dará prazer.
Mas eu não uso drogas! Sim, mas utiliza fontes de prazer como comida, séries, celular, redes sociais e tudo mais.
Essa então é a evolução do entendimento da Dopamina na neurociência:
“A dopamina por si só, não é a recompensa. Mas sim, o que te faz buscar a recompensa”
A recompensa tem um efeito parecido com os opióides, tanto os que são endógenos (gerados pelo corpo) quanto os induzidos por remédios ou drogas.
Mas quando você se senta no sofá de sua casa e se enche de prazeres imediatos com o tempo não terá mais vontade de sair em busca de novas recompensas e isso se tornará um ciclo.
A chave disso tudo está em BUSCAR a recompensa e compreender e a BUSCA é a própria recompensa. Ficou confuso, deixa eu explicar melhor.
Lembra daquela frase: “Seja mais grato pelo caminho do que pelo destino” ?É mais ou menos nessa linha.
Se seu desejo é ter vitórias constantes, sua comemoração deverá ser menor do que sua busca do objetivo.
É maravilhoso conquistar as coisas, não é mesmo? Mas a mesma fonte de satisfação com a conquista é a mesma da motivação, a DOPAMINA.
Quando atrelamos a liberação da dopamina a recompensa, atrelamos a conquista pode ser muito perigoso. Comemorar a vitória mais do que a busca pela vitória vai te preparar para fracassar no futuro, através do “Erro de previsão de recompensa”. Isso é quando esperamos que algo seja muito bom, criamos uma grande expectativa e quando chegamos lá, nem parece ser tão bom assim. Isso gera uma sensação de ter perdido algo, pois não é tão prazeroso conquistar. E a linha de base da dopamina ser torna menor. Isso gera menos motivação.
Isso me faz lembrar uma letra de musica do Raul Seixas, Ouro de Tolo, você vai entender.
O nosso sistema cerebral de recompensa é como uma balança que busca manter o equilibrio.
Toda vez que você liberar muita dopamina, depois de conquistar o que deseja. Sempre haverá uma espécie de compensação para o lado da dor ao invés do prazer da dopamina.
Como uma balança pendendo para o lado da dor por algum tempo, seu sistema de compensação irá se re-estabilizar novamente em uma questão de tempo.
Converso com muitas pessoas que trabalham duro durante anos buscando alcançar um objetivo grandioso e quando chegam nele, elas são tomadas por uma “bad”, ficam para baixo. Mas basta esperar que essa sensação passa.
Mas os mais importante nesse momento é esperar um pouco até o sistema de recompensa se estabilize, e a maioria das pessoas nesse momento de desequilíbrio para a dor, acabam buscando prazeres imediatos e entram num ciclo vicioso, pois o equilíbrio do sistema de recompensa não ocorrerá e acabará pendendo mais para o lado da dor. E olha só que interessante, nenhuma nova busca por prazer terá o poder de te satisfazer.
Na pratica:
Quando sentir aquela vontade de realizar algo, altamente motivado. Pode ser no trabalho, nos estudos, novos projetos você experimentará a DOPAMINA, e ela trabalha com sua parente mais próxima, a EPINEFRINA ou ADRENALINA. O que se sabe é que a adrenalina e feita através da molécula de dopamina. Então elas estão sempre juntas.
Elas trabalham juntas em um ciclo de desejo (DOPAMINA) e trabalho (ADRENALIA) e esse ciclo se repete diversas vezes até que a conquista é alcançada.
A dopamina atuando na motivação e a adrenalina na força para a realização. Sempre complementares.
Algumas pessoas estão num estado do fazer por fazer, sem estar realmente presentes e aproveitando a jornada e o pico de DOPAMINA só ocorre na conquista.
Os inteligentes aprendem a ajustar sua comemoração internamente. Imagine dar uma festa por conquistar algo, mas se manter calmo e sereno, apreciando tudo sem euforia. Assim não terá uma queda tão grande nos níveis de dopamina em em breve o sistema de recompensa encontrará o equilíbrio novamente.
Mas e se eu me sentir entediado, o que devo fazer? A resposta é resistir o impulso de buscar algum prazer para gerar mais dopamina, e esperar. Seu sistema de recompensa encontrará o equilíbrio.
Viva o tédio, viva esse momento de abstinência de dopamina.
Esse efeito é muito parecido com as mulheres que tem depressão pós parto.
Lembre-se a dopamina deve ser um motivador e não um premio. Isso fará com que você busque todos os dias aquilo que deseja e se sentirá bem pela busca. Uma ideia seria fazer um jejum de dopamina. (acho que isso seria interessante)
Esse modelo fará você buscar todos os dias e quando chegar onde deseja, estará motivado para buscar fazer tudo de novo, mesmo que tenha alcançado êxito em seu grande projeto. E aí, vamos para o próximo projeto?